Solana, que era financiada pela FTX e por Sam Bankman-Fried, cai mais 10% e já acumula perdas de 94% nos últimos 12 meses.
Investidores de criptomoedas foram relembrados do inverno que abala o setor após novo sell-off na classe de ativos que começou na noite de ontem e se estende até a manhã desta quarta-feira (28). Embora o recuo não seja de grandes proporções para as principais criptos, já é o suficiente para fazer o Bitcoin correr risco de testar novamente sua mínima do ano, de US$ 15.500 – às 7h, a criptomoeda era negociada a US$ 16.660, queda de 1,3% em 24 horas.
O Ethereum (ETH), que vem acompanhando o Bitcoin nos últimos dias, cede 1,96% no mesmo período e vai a US$ 1.196, em desempenho que figura entre os melhores das criptomoedas mais valiosas. Já XRP, Cardano (ADA) e Dogecoin (DOGE) caem -3,8%, 4,9% e 5,2% nesta manhã, respectivamente.
A Solana (SOL) tem o pior desempenho entre as principais criptos nesta quarta e perde 10,3%, para US$ 10, seu menor valor desde fevereiro de 2021. O projeto cripto que já foi apontado como ameaça à hegemonia do Ethereum como plataforma de contratos inteligentes passa por forte turbulências desde que sua principal patrocinadora, a FTX, colapsou no começo de novembro. Em 12 meses, as perdas do token SOL já alcançam a casa dos 94%.
Diante disso, o valor de mercado total das criptomoedas, que há duas semanas flertava com os US$ 900 bilhões, volta a cair para menos de US$ 800 bilhões.
Martin Leinweber, estrategista de produtos de ativos digitais da Market Vector Indexes, observou a falta de força do Bitcoin em relação a outras criptomoedas. “Se você olhar para as moedas que demonstram força relativa, o que significa moedas que caíram menos desde o recorde histórico, você notará nomes que quase ninguém teria imaginado, especialmente quando você considera o ranking”, disse Leinweber.
A Binance Coin (BNB), por exemplo, mesmo com a recente crise, acumula perdas de 54% em 12 meses, contra 65% do Bitcoin. “Portanto, o Bitcoin não foi a moeda mais defensiva, algo que se esperaria de uma reserva de valor”, completa o estrategista da Market Vector Indexes.
Os principais índices de ações fecharam mistos após um dia de boas e más notícias. De um lado, a China anunciou que permitiria a entrada de viajantes internacionais no país novamente, mas a Rússia disse que proibiria as vendas de petróleo a países que impuseram um limite de preço de US$ 60 por barril.
Enquanto isso, novos documentos adicionados aos autos do processo contra a FTX nos EUA mostraram que o fundador da corretora, Sam Bankman-Fried, tomou emprestado centenas de milhões de dólares da Alameda Research para comprar ações na Robinhood Markets (HOOD).
Em uma declaração juramentada antes de sua prisão, Bankman-Fried disse que ele e o cofundador da FTX, Gary Wang, obtiveram US$ 546 milhões da Alameda por meio de notas promissórias em abril e maio de 2022. Eles usaram esse dinheiro para capitalizar a Emergent Fidelity Technologies Ltd., a empresa de fachada que, em maio, comprou uma participação de 7,6% na Robinhood.
A crise da FTX renovou os apelos por uma regulamentação mais forte cerca de sete meses depois que a stablecoin Terra USD (UST) perdeu sua paridade com o dólar e entrou em colapso. Pouco foi proposto de concreto em termos de regulação nos EUA até aqui, mas muitos especialistas em cripto esperam mudanças no próximo ano para proteger os investidores.
Leinweber, da Market Vector Indexes, disse que adotaria ver a regulamentação de stablecoins. “Considero bem-vinda essa regulação”, disse ele. “Isso levará a mais dólares para esse setor. Existem algumas não regulamentadas e de construção mais pobre. Mas também são boas stablecoins”.
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