Apesar de inflação americana mais alta do que o esperado, índices dos EUA fecharam em forte alta por conta de desmonte de posições.
O Ibovespa fechou em queda de 0,46% nesta quinta-feira (13), aos 114.300 pontos. O principal índice da Bolsa brasileira não conseguiu acompanhar a performance vista nos Estados Unidos, onde os benchmarks fecharam em forte alta. Mas, ainda assim, fechou longe das mínimas do dia, de queda de 1,86%, com o índice chegando a atingir 112.690 pontos.
Dow Jones, S&P 500 e Nasdaq subiram, respectivamente, 2,83%, 2,60% e 2,33%, em um dos pregões mais voláteis da Bolsa americana dos últimos tempos.
“Começamos o dia com a divulgação do CPI [sigla em inglês para índice de preços ao consumidor] norte-americano, com os dados da inflação vindo acima do esperado. O S&P 500 antes da divulgação subia 1,5%, foi pra mais de 2,5% de queda e fechou em alta de 2,60%”, comenta Ubirajara Silva, gestor da Galapagos Capital. “O número veio pior do que o mercado esperava, o que gerou um sell off. Essa venda, no entanto, foi revertida”.
O índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) nos Estados Unidos subiu 0,4% em setembro, na comparação com agosto. No acumulado de 12 meses a alta foi de 8,2% Tanto a medição mensal como a anual vieram acima da expectativa do mercado, sendo que o consenso Refinitiv apontava para alta de 0,2% ante agosto e de 8,1% no ano.
“A grande frase, que todos falam, é que o bear market só é bear market quando tanto os comprados quanto os vendidos perdem dinheiro”, explica Silva. “Hoje, ao meu ver, o comprado teve que comprar ações na mínima do dia, para honrar posições. Quem estava vendido, agora no fechamento, está perdendo dinheiro também”.
Para os especialistas da Galapagos, então, o que gerou a grande oscilação foi o fato de que muitos gestores tiveram de comprar ações para cobrir suas posições vendidas a descoberto.
A inflação mais alta puxou os treasuries yields para cima, mas não derrubou os ativos de risco – os títulos para dez anos foram a 3,962%, alta de seis pontos-base, e os para dois anos foram a 4,472%, com mais 18,2 pontos.
“O mercado hoje se comportou de forma contraditória ao dado de inflação americana divulgado, que sugere que os juros, por lá, terão de ser mais altos para combater a inflação”, acrescenta Francisco Levy, estrategista-chefe da Empiricus Investimentos. “O que pode explicar isso é que o mercado, no mês passado, já havia sofrido demais por conta da inflação alta. Antes da divulgação de hoje, então, investidores se prepararam para um noticiário ruim, com posição defensiva. O que provavelmente estamos vendo é uma cobertura das posições defensivas”.
Com esse desmonte de posição, o dólar caiu frente às demais moedas. O DXY, que mede a força da divisa americana frente a outras de países desenvolvidos, fechou em baixa de 0,75%, aos 112.47 pontos. Frente ao real, o câmbio ficou estável, com alta de apenas 0,01%, a R$ 5,272 na compra e a R$ 5,273 na venda.
A curva de juros brasileira fechou sem direção exata. Os DIs para 2023 ficaram estáveis, aos 13,68%, mas os DIs para 2025 ganharam um ponto-base em seus rendimentos, a 11,66%. Os DIs para 2027 e 2029 perderam, ambos, dois pontos, a 11,66% e 11,64%, respectivamente. O contrato para 2031 foi a 11,72%, com a taxa recuando três pontos.
Entre as principais quedas do Ibovespa de commodities, ficaram as ações ordinárias da CSN Mineração (CMIN3) e da Vale (VALE3), com menos 5,56% e 1,78%, na sequência – o minério de ferro fechou em queda, após a notícia de que os casos de Covid-19 voltaram a crescer na China, aumentando o temor de lockdown.
Do outro lado, as ações ordinárias e preferenciais da Petrobras (PETR3;PETR4) subiram 4,05% e 3,13%, na esteira da alta do petróleo. O brent para dezembro subiu 2,2%, a US$ 94,57 o barril, uma vez que os baixos níveis de estoque de diesel antes do inverno provocaram compras e reverteram as perdas iniciais que se seguiram a estoques de petróleo e gasolina acima do esperado.
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