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Economia | Méliuz (CASH3) frustra consenso e ações despencam 9,80%

  • A ação do Méliuz (CASH3) fechou em queda de 8,80% nesta terça-feira (16)

  • Analistas, de maneira geral, definiram os resultados como fracos e modestos

  • O volume bruto total de mercadorias (GMV, na sigla em inglês), ficou em R$ 1,4 bilhão

  • O UBS BB vai no mesmo caminho – pontuando que a receita do marketplace ficou 7% abaixo da sua projeção

Segundo analistas, receita desacelerou e companhia viu seus gastos aumentarem com o desenvolvimento de novos produtos


A ação do Méliuz (CASH3) fechou em queda de 8,80% nesta terça-feira (16) – isso após divulgar, na noite de ontem, seu balanço do segundo trimestre de 2022. Analistas, de maneira geral, definiram os resultados como fracos e modestos, mas a companhia, em teleconferência realizada na manhã de hoje, defendeu que a receita está apenas “começando a crescer” e que o período foi marcado por gastos excepcionais.


“A Méliuz reportou uma receita de R$ 79 milhões, aumentando 45% no ano e desacelerando substancialmente em relação ao trimestre anterior”, abrem os analistas do Bradesco BBI sobre a companhia. “A receita cresceu menos do que as expectativas e a lucratividade se manteve sob pressão”.


O volume bruto total de mercadorias (GMV, na sigla em inglês), ficou em R$ 1,4 bilhão, alta de 24% no ano, mas também desacelerando frente os 66% de crescimento registrados entre janeiro e março. O faturamento do marketplace, por sua vez, foi de R$ 61,9 milhões, subindo 43% na mesma base, ante 85% do primeiro trimestre.


“O mercado viu os resultados como negativos, uma vez que a desaceleração do crescimento da receita e a dificuldade de rentabilidade apontam para um cenário desafiador à frente. Nesse contexto, vemos pouco espaço para uma reclassificação das ações, enquanto o mercado pode permanecer cético diante dos riscos de execução à frente”, destacou o BBI, que tem recomendação outperform (desempenho acima da média do mercado) para o Méliuz, com preço-alvo em R$ 3,90.


O UBS BB vai no mesmo caminho – pontuando que a receita do marketplace ficou 7% abaixo da sua projeção, com GMV menor tirando o brilho do resultado da receitas de serviços, que cresceram 14% no ano e vieram em linha com o consenso, e do Picodi, 14% acima das projeções do banco.


A instituição financeira suíça tem avaliação neutra para a companhia e preço-alvo fixado em R$ 1,40.


A XP Investimentos definiu os resultados como mistos, com visão mais otimista para a receita líquida, mas com mais gastos nos desenvolvimentos dos novos produtos. Mesmo assim, a corretora manteve sua recomendação de compra, com alvo de R$ 8 por papel.


“A companhia seguiu entregando um crescimento robusto de suas operações, por outro lado, custos e despesas cresceram, o que levou a um prejuízo líquido de R$ 28,2 milhões uma piora em relação ao esperado e na base anual”, explicam os analistas da corretora.


O Itaú BBA, por fim, foi mais pessimista, definindo os resultados como negativos.


“As despesas operacionais aumentaram para R$ 134 milhões, infladas por despesas de R$ 14 milhões relacionadas ao Bankly e por R$ 19 milhões de itens extraordinários. O Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização, na sigla em inglês) foi negativo em R$ 52 milhões, contra R$ 17 milhões negativos no primeiro trimestre e contra nossa estimativa de R$ 14 milhões negativos”, comentam os analistas do banco.


Contudo, o banco mantém recomendação outperform com valor justo em R$ 3,3.


Méliuz fala que receita apenas começou a crescer

Em seu encontro com investidores e analistas, o Méliuz buscou explicar seus números.


Quanto à receita, Davi Holanda, diretor responsável pelos serviços financeiros da companhia, defendeu que o crescimento está “só começando”, com a empresa ainda desenvolvendo uma série de seus novos produtos, como o próprio Bankly, o oferecimento de crédito e o cripto as a service.


Nesta frente, os executivos afirmaram ainda que boa parte dos maiores custos foram, justamente, oriundos dessas novas iniciativas.


De acordo com Luciano Valle, CFO do Méliuz, o trimestre foi consideravelmente impactado por despesas não recorrentes. “Parte vem do resultado do M&A [fusões e aquisições] do bank, com o reconhecimento de certas despesas, outra está mais relacionada a forma que reconhecemos nossos talentos. Neste trimestre tínhamos posição de ações em tesouraria, a custo de aquisição, e com parte delas reconhecemos nossos funcionários. Foi algo excepcional. Tirando esses dois efeitos temos os resultados normalizados”.


Nesta frente, o UBS aponta que sem as despesas de R$ 8,7 milhões com M&As e sem os R$ 10,2 milhões das ações fornecidas a funcionários, o Méliuz registraria uma prejuízo líquido de R$ 15,2 milhões.


O diretor executivo, Israel Salmen, defendeu que um breakeven não acontece do dia para a noite.


“Criei um comitê de eficiência operacional, com todas as editorias listando pontos para melhorar despesas e também receitas. Listamos 70 tópicos e fizemos uma ordem de prioridade”, explicou Salmen. “Anteriormente, fizemos um trabalho educacional com todo o time, basicamente treinando todos sobre o que é um Ebitda e o que podíamos fazer para melhorar o nosso resultado operacional. No momento atual, faremos algo parecido. Nosso time cresceu muito e as pessoas não receberam essa educação. Estamos trazendo esse trabalho de novo”.


O Itaú BBA e o UBS BB possuem recomendação neutra para as ações ordinárias do Méliuz, com preço-alvo em R$ 1,40.

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