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Ibovespa fecha em queda de 1,68%, em dia de aversão ao risco global; dólar avança 1,58%

  • Performance de petroleiras e de setor de mineração pesaram sobre principal índice da Bolsa brasileira, com temor de juros mais altos.

  • Mais cedo, a oferta de emprego JOLTs de julho trouxe a criação de 11,23 milhões de vaga, ante 10,47 milhões aguardadas pelo consenso.

  • Com isso, houve pressão na curva de juros, principalmente na ponta curta

  • O petróleo Brent recuou 5,32%, a US$ 99,50 o barril


B3 Bovespa Bolsa de Valores de São Paulo
B3 Bovespa Bolsa de Valores de São Paulo

O Ibovespa fechou em queda de 1,68% nesta terça-feira (30), aos 110.430 pontos. O principal índice da Bolsa brasileira foi impactado por um cenário de aversão ao risco global. Em Nova York, Dow Jones, S&P 500 e Nasdaq recuaram, respectivamente, 0,96%, 1,10% e 1,12%.


“O dia foi de aversão ao risco, com dados de uma economia forte nos Estados Unidos, do mercado de trabalho, fazendo com que investidores projetem um Federal Reserve [Fed, o banco central americano] mais agressivo no controle da inflação”, comenta Rodrigo Crespi, analista da Guide Investimentos.


Mais cedo, a oferta de emprego JOLTs de julho trouxe a criação de 11,23 milhões de vaga, ante 10,47 milhões aguardadas pelo consenso. Além disso, a confiança do consumidor medida pela Conference Board teve leitura de 103,2 em agosto, ante 97,9 esperados.


“Tivemos ainda declarações duras de membros do Fed quanto do Banco Central Europeu (BCE), o que acabou por derrubar os índices globais”, complementa Crespi.


John Williams, do Fed de Nova York, defendeu hoje que a instituição monetária americana terá de elevar juros até o final do ano. Já Philip Lane, economista-chefe da instituição europeia, falou que é preciso que o Velho Continente passe por uma “desaceleração econômica” ao avançar os juros em 50 pontos-base em cada encontro.


Com isso, houve pressão na curva de juros, principalmente na ponta curta. Os treasuries yields para dois anos fecharam em alta de 3,1 pontos-base, a 3,458% – mais cedo, porém, o título chegou a negociar a 3,49%, na maior taxa desde novembro de 2007.


A perspectiva de medidas mais agressivas para controlar o crescimento econômico acabou por ajudar a derrubar o preço das commodities, junto com novas notícias provindas da Ásia.


“Tivemos de ontem para hoje notícias da China, com ameaça de Covid e ameaças de novas medidas restritivas que podem, obviamente, afetar a economia chinesa”, comenta Pedro Serra, chefe de pesquisas da Ativa Investimentos. “Recentemente houve uma alta do petróleo, baseada em falas da Opep, mas novos lockdowns na Ásia podem azedar a movimentação do grupo”.


Várias das maiores cidades da China impuseram restrições mais duras contra a Covid-19 hoje. O centro de tecnologia Shenzhen (sul), Chengdu, no sudoeste do país, e Dalian, no nordeste, ordenaram medidas como lockdowns em grandes distritos e fechamento de negócios com o objetivo de acabar com novos surtos.


O petróleo Brent recuou 5,32%, a US$ 99,50 o barril. A tonelada do minério de ferro no porto chinês de Dalian foi a US$ 98,77, recuando 5,01%. As ações ordinárias e preferenciais da Petrobras (PETR3;PETR4) recuaram, respectivamente, 5,64% e 5,93%, sendo destaque negativo por peso do Ibovespa. As ordinárias da Vale (VALE3), caíram 2,90%.


“Mercado refletiu a questões internas e externas. Hoje tivemos, no cenário interno, queda das duas principais ações do índice, que são Petrobras e Vale”, explica Felipe Cima, broker da Manchester Investimentos. “Temos também o endurecimento da campanha eleitoral brasileira, com promessas gerando alguma pressão”, complementa.


O dólar, com a queda das commodities, ganhou alguma força ante o real, fechando em alta de 1,58%, a R$ 5,112 na compra e a R$ 5,113 na venda – mesmo com o DXY, índice que mede a força da moeda americana ante outras divisas de países desenvolvidos tendo ficado estável.


A curva de juros brasileira fechou em alta na sua ponta curta, com os DIs para 2023 ganhando um ponto-base em suas taxas, indo a 13,74%; No restante, porém, a tendência foi de queda – os contratos para 2025 viram seus rendimentos caírem cinco pontos-base, para 12,08%, e os para 2027 foram 11,88%, com baixa de um ponto. Os DIs para 2029 e 2031 perderam, respectivamente, um e quatro pontos, a 11,98% e 12,06%.


“O Ibovespa continua performando bem na comparação com o exterior e investidores, com o movimento lá fora, devem ter aproveitado para colocar um pouco de lucro no bolso”, finaliza Serra.

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