Os investidores estrangeiros foram os grandes responsáveis pela disparada do Ibovespa em abril, quando o índice bateu em 120 mil pontos.
Porém, o fluxo não se sustentou e voltou a cair em maio, levando a bolsa a retornar ao nível de 100 mil pontos do começo do ano. Por que isso aconteceu?
Segundo a Ativa, o fluxo de capital estrangeiro na B3 tem sido errático nos últimos trinta dias.
“Com falta de gatilhos e com eventos importantes pesando na “visão de Brasil”, como as eleições e o ciclo de aperto monetário aqui e lá fora, vemos os investidores estrangeiros ainda cautelosos”, diz a corretora.
Os analistas lembram que com exceção de junho, de abril em diante, houve saída de todo esse capital. Até aqui, o mês de julho, tem sido volátil.
Mas o que motivou essa saída? Para a Ativa, os principais pontos que levam a uma falta de conforto maior por parte dos investidores estão mais relacionados ao ambiente externo.
“As eleições também serão importantes, mas o movimento de saída recente de fluxos de capital não teve ligação com a divulgação de pesquisas eleitorais, que ainda não trazem mudanças significativas, e enxergamos mais peso no ciclo de juros aqui e lá fora, além da política de tolerância zero contra a covid na China, no caso das commodities“, completa.
Segundo a XP, o segundo semestre do ano deve seguir com os holofotes apontados para a inflação, os juros em alta e os riscos de recessão.
Além disso, a volatilidade no preço dos commodities, puxada pelos temores de recessão, é outro ponto de atenção.
“Mesmo assim, a Bolsa brasileira segue apresentando níveis muito atrativos de negociação, tanto para métricas de renda variável quanto ao compararmos com a renda fixa”, diz.
De acordo com a XP, mesmo com a recente saída, o saldo total de fluxo de estrangeiros para 2022 passou para R$ 68,1 bilhões até 4 de julho.
Os gringos podem voltar para bolsa?
Ainda segundo a Ativa, o cenário é pouco previsível. Contudo, a surpresa poderia vim das commodities, com uma reabertura da economia chinesa, “que ao nosso ver, está atrasada em decorrência de desdobramentos da covid-19“.
A corretora é construtiva com petróleo, proteínas e minério.
“No caso de celulose, ainda gostamos, mas com certa cautela devido à entrada de capacidade esperada já para o fim desse ano”, completa.
Corte do preço-alvo do Ibovespa
A Ativa Investimentos cortou o preço-alvo do Ibovespa, de 135 mil pontos a 127 mil pontos, para o fim de 2022.
O movimento se soma às últimas revisões feitas pelo mercado, com o Itaú BBA reduzindo o alvo do índice para 110 mil pontos e a XP Investimentos apostando no patamar dos 120 mil pontos.
Apesar de uma perspectiva construtiva para a Bolsa no longo prazo, fatores macroeconômicos impedem que a Ativa confirme uma postura mais otimista no curto prazo.
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